sábado, 7 de março de 2015

[Entrevista] - Ricardo Ragazzo

Oi, pessoas!

Vocês ainda lembram dos cursos que andei fazendo certo? Pois é, lembram também que abri uma TAG para Entrevistas no blog, baseadas num 'dever de casa' solicitado pelo professor.

A primeira delas, que saiu mês passado, foi feita com Samantha Holtz.

Dando continuidade às entrevistas, temos hoje as respostas sobre publicação enviadas, via e-mail, pelo autor Ricardo Ragazzo.

Um cadinho da biografia do autor, raptada do site da Novo Século Editora, onde ele publicou seu primeiro livro, e do perfil pessoal:

"Ricardo Ragazzo é bacharel em Direito, blogueiro, escritor e jogador de RPG. Aos 35 anos de idade, mora em São Paulo com sua esposa, filho e beagle. Autor dos livros "72 horas para morrer" e "A Garota das Cicatrizes de Fogo" pela ed. Novo Século. Contratado pela editora Planeta de Livros Brasil em 2014 onde lançará seu livro distópico "A Cidade Banida" em 2015."

Ragazzo, que foi extremamente simpático e solícito, é um autor que conheci pessoalmente na Bienal do Livro/RJ em 2013. Juro! Posso provar! Tenho autógrafos! Melhor, TENHO UMA FOTO!!! Pausa para o #momentofãmaluca =P



Sobre o processo de publicação e início de carreira, ele respondeu:

- Como e quando surgiu a vontade de ser escritor(a)? Você já iniciou publicando em livros? 

Posso dizer que o primeiro passo foi dado meio sem querer, fruto de uma necessidade que tive de extravasar alguns sentimentos após o falecimento do meu pai em um acidente de avião. Tudo aconteceu muito rápido, uma tonelada de novas responsabilidades foi despejada no meu ombro aos 23 anos e, a princípio, não soube lidar emocionalmente com isso. Até que, meses depois, decidi escrever uma carta para o meu pai. Nela, despejei tudo o que sentia, da forma mais pura e verdadeira que consegui. Quando algumas pessoas próximas leram o conteúdo, percebi que tinha o dom (e vejo isso como um dom mesmo) de passar emoção através da palavra escrita. A pulguinha havia se instalado atrás da minha orelha. O segundo passo foi o RPG (Role-Playing Game). Fui convidado por um amigo para participar de uma sessão do antigo AD&D. Um amigo dele mestrou o jogo e nos divertimos bastante. Quando fomos jogar uma nova campanha, esse amigo que havia mestrado conseguiu um emprego que ocupava seus finais de semana e não poderia mais participar. A decepção foi geral. Queria tanto jogar que resolvi me oferecer para escrever uma história com a sugestão de revezarmos o mestre (aquele que cria a história) a cada nova campanha. Fiz a primeira história e nunca mais deixei o posto. Eu adorei criar e eles amaram o que eu havia criado. Certo dia, anos depois, um desses meus amigos sugeriu que eu escrevesse um livro. Eu desdenhei do comentário e ele me deu o livro “Os Sete” do André Vianco. Depois falou “Você consegue escrever uma história tão boa quanto essa”. Depois que li o livro, decidi que iria buscar mais informações sobre o assunto. Apaixonei-me por esse lado do universo literário, fiz diversos cursos e acabei escrevendo o polêmico “72 horas para morrer”.


- Como foi a publicação dos seus primeiros livros? Você precisou investir na publicação?

No primeiro livro. “72 horas para morrer” tinha sido aprovado para o selo iniciante da Novo Século o que acarreta em investimento. O interessante é que no meio do caminho tudo mudou. O livro foi considerado maduro demais para um selo iniciante e seguiu direto para o selo principal. Foi o primeiro a conseguir isso, caso não esteja enganado. Com a mudança um novo contrato foi redigido e algumas coisas ficaram diferentes, mas, ainda assim, tive que adquirir um bom volume de exemplares. O segundo livro já foi de inteira responsabilidade da editora.



- Sobre o processo de publicação: Como foi a escolha da capa? Como foi montada a sinopse? Como você escolheu/conseguiu seus leitores-beta?
A capa do “72 horas para morrer” quem fez foi a editora. Com “A Garota das Cicatrizes de Fogo” foi diferente. Um amigo meu a criou e fiquei muito satisfeito com o resultado. Nos dois livros, a sinopse foi elaborada por mim. Com relação aos livros, como o “72 horas para morrer” foi meu primeiro livro recorri a uma leitura crítica antes de enviá-lo para as editoras. Com o “A Garota das Cicatrizes de Fogo” já tinha três blogueiras que ficaram minhas amigas e que se dispuseram a ler a obra antes de todo mundo. Gosto desse tipo de trabalho porque minhas leitoras beta são escolhidas de acordo com o meu público alvo. Se tenho um livro policial, escolho determinadas pessoas. Se é uma obra fantástica, procuro por outras.

- Hoje você publicaria o livro em formato impresso ou apostaria nos meios digitais?
Não vejo como duas coisas excludentes. Tem que haver uma sinergia entre esses dois meios. Um é mais fácil e barato enquanto o outro é a essência do mercado. Para quem começa, obviamente, o mundo digital é uma porta mais fácil de ser aberta. 

- Qual foi sua maior alegria e maior decepção depois do lançamento do livro?
Alegria, sem dúvida, é receber o feedback e perceber que, de fato, você tem talento para a coisa. A decepção é ver sua obra não chegando a todos os lugares e pessoas. Mas a vida é uma grande escadaria que deve ser subida degrau a degrau. Leva tempo, mas vale a pena. 

- Como foi a venda e/ou a distribuição dos seus primeiros livros?
O “72 horas para morrer” esgotou e foi para segunda edição. E “A Garota das Cicatrizes de Fogo” em breve tomará o mesmo rumo. O problema da distribuição não é necessariamente culpa das editoras, muitas vezes, livros com tiragens abaixo de dez mil exemplares têm dificuldade de entrar em determinadas livrarias por conta do custo alto do ponto de venda. Lembro-me até hoje do dia que marquei uma reunião na Novo Século para entender porque meu livro não estava em uma certa rede de livrarias e eles me mostraram os valores pedidos por ela para expor os livros de forma mais centralizada. São valores absurdos e desproporcionais para o mercado. Todo autor iniciante, antes de se jogar nesse mercado tão competitivo, deveria estuda-lo e compreender o que se pode esperar ou não de todas as partes que o envolvem. Muitos culpam editoras sem saber que é o ponto de venda que leva metade (muitas vezes mais) da fatia do bolo (preço de capa) sem um único investimento ou aporte financeiro. Mas nada que o amor pelas histórias não supere.

- O que o autor deve cuidar no contrato da editora?
Essa é uma pergunta difícil por vários aspectos. Em primeiro lugar, o mercado de livros é diferente da maioria dos outros por envolver os sonhos dos autores. Não sei quanto aos outros, mas tenho a tendência de ser menos racional com os livros do que com qualquer outro negócio que eu trabalhe. Penso que isso ocorra com muitos outros. Em segundo lugar, quando estamos começando e uma editora se interessa pela nossa obra, temos pouca margem de negociação – a chamada leverage – para podermos debater troca de cláusulas em contratos padrão, na maioria das vezes. Um exemplo: Eu assinei com a Planeta de Livros Brasil o lançamento do meu próximo livro. A obra terá dois volumes e eu apenas consegui assinar contrato para o primeiro. Minhas opções eram assinar ou desistir. Ou seja, falta de leverage. Um ponto importante que deve ser debatido é sobre o marketing que será feito para a obra. Valores, ações, estratégias. Aqui há um gap que pode ser preenchido com ideias do autor.

- Como funciona a divulgação de seus livros?
Por enquanto, basicamente pelo boca-a-boca e por ações que eu custeei ou desenvolvi. Minhas expectativas com a Planeta são enormes, pois várias ideias já foram debatidas, aceitas e sugeridas por eles. 

- Atualmente, você obtém sua renda totalmente da escrita ou tem outra profissão?
Ainda vivo de outra profissão. O horizonte, entretanto, aproxima-se cada vez mais e a transição de carreira já vem acontecendo. Hoje dedico dois dias da minha semana apenas à literatura. No Brasil, viver de livros é algo quase impossível. Já viver da literatura (palestras, cursos, coaching) é algo mais viável.

- Que dica você daria para um escritor iniciante?
Estude, aprenda, ouça, debata, resista, aceite. Não seja o dono da verdade, mas saiba impor limites. Livros não são seus filhos. Eu jamais venderia meus filhos. Livros são fruto do seu trabalho artístico, motivo de orgulho, mas que antes de atingir o leitor passa pelos cuidados de outra dezena de pessoas. A coisa mais importante que aprendi foi o desapego pela obra, não no sentido de ser descuidado com o que ela virá a ser, mas entendendo que há outras pessoas que sabem o caminho das pedras melhor do que eu, e, especialmente, que nossos interesses convergem. Buscamos a mesma coisa. Vejo esse apego na grande maioria dos novos escritores nacionais e enxergo esse como sendo o principal motivo para o número ainda pequeno de escritores nacionais nas grandes editoras (se bem que esse cenário está mudando nos últimos dois anos).

- Fique bem à vontade para acrescentar quaisquer coisas que achar interessante compartilhar.
Vejo que todos nós, aspirantes à literatura, temos que ter nosso momento “escritor” e nosso momento “autor”. O “escritor” engloba todo o lado artístico de se criar uma obra. O “autor” vem depois que ela está pronta. É a parte mais racional do processo. Autor faz coisas que o Escritor jamais precisará fazer. Ele conhece o mercado, envolve-se na divulgação do livro, edita, transforma, adapta. Enfim, faz tudo para tornar aquela obra desenvolvida pelo “escritor”, um pouco mais profissional. Quando desenvolvemos nossas histórias somos escritores. No segundo em que decidimos torna-la pública, temos que nos transformar em autores. Seja os dois e potencialize suas possibilidades nesse mercado tão concorrido.

- Você autoriza a publicação desta entrevista, na integra ou em partes, no blog pessoal da entrevistadora? Caso positivo, por favor, expresse-se de forma elucidativa.
Autorizo sim.

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E, olhem só que legal, Ragazzo possui uma conta no Wattpad! Lá, vocês conseguem acessar algumas obras do autor, não publicadas via editoras, disponíveis para leitura gratuitamente!

Vocês também podem acompanhar o trabalho dele via Twitter >> @ricardoragazzo

Ou acessar o Facebook e acompanhar a evolução do seu trabalho literário >> Fan-page

Achou interessante? Quer ler? Então acesse aqui >> 72 Horas para Morrer e A Garota das Cicatrizes de Fogo.



Bacana, não é? Gosto muito do Ragazzo, não só pelo seu estilo de escrita (aguentem, aindo estou lendo, as resenhas virão!!), mas pela sua história de vida. Basta acompanhar um pouquinho dele pelo facebook, que você tem uma LEVE noção da pessoa extremamente sagaz que ele é. Suas palavras sobre publicação me incentivaram a não desistir e tacar tudo pro alto.

E vocês, o que acharam? Deixem seus comentários!

Até + ver!

Nu.

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